sábado, 20 de junho de 2009

O MAE na Praça dos Museus

O Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) é um dos museus mais visitados da USP. Seu acervo está focado na cultura material (vestígios, arqueológicos ou não) dos povos indígenas das Américas, de nativos de outros continentes, e muitos objetos provenientes das assim chamadas "culturas clássicas", aquelas que estudamos nas aulas de História Antiga na escola, egípcios, persas, gregos, romanos, etc.

O museu é super bem organizado, as exposições muito boas, mas todos que lá chegam (de ônibus ou carro, e depois muitas vezes de atravessar o insano trânsito paulistano) se decepcionam com o tamanho do prédio. Fica evidente para todo mundo que muito mais gente poderia conhecer seu acervo se ele ficasse em local mais bem localizado, e que seu acervo merece um local muito maior para ser exposto. As coleções de arte indígena do MAE, por exemplo, ajudam a desconstruir aquela imagem errônea que se tem dos indígenas brasileiros como "atrasados", "ignorantes", etc.

Abaixo, imagem de satélite com a localização do MAE e as formas mais "fáceis" de acessá-lo: de carro pela Marginal Pinheiros + Portão 2 da USP; ou pela CPTM, estação Villa-Lobos - Jaguaré + ônibus.



Os museus de exposição de objetos de outros povos tem a mesma origem dos museus de história natural, isto é, a exposição dos troféus das conquistas imperiais. Mundo afora há imensa polêmica sobre a destinação atual dos objetos atualmente guardados pelos museus europeus, resultado dos saques dos séculos XVIII a XX.

Um fato importante é que hoje em dia o propósito expositor-vitorioso desses museus está sendo revisto, com um enfoque crescente na pesquisa e na visão crítica da coleta desses materiais (o que não significa um movimento de devolução aos locais de origem). Um caso sintomático é o que aconteceu na França, onde as exposições no "Museu do Homem" eram tradicionalmente eurocentristas e marcadas pelo bizarro, mas foram substituídas pela construção do impressionante (enquanto museu, arquitetura e concepção educacional) Museu Quai Brainly, em Paris. Grande, mas não apinhado de objetos, ele se propõe a apresentar e discutir os povos extra-europeus. Vale a pena a visita e a inspiração.

A ideia de levar o MAE à região da Luz, incorporá-lo à Praça dos Museus, fecha o ciclo de grandes museus tradiconais das cidades mundo afora e que geralmente estão reunidos em uma região museológica-turística, aqui idealizada na Luz/Julio Prestes. Como já dito, com o Museu da Língua Portuguesa e o Museu de História Natural, o MAE fecha o ciclo de museus "educativos", complementado pelos museus "artísticos": Pinacoteca, Estação Pinacoteca e Museu de Arte Sacra. Quem sabe essa ideia vai para a frente?!

Abaixo, coloco três imagens externas, uma do Quai Brainly, Paris, com arquitetura pós-moderna, outra do Museu Metropolitan, de Nova York, do século XX, e a última do Museu Britânico, Londres, com sua arquitetura do século XIX, ambos os maiores depositários de objetos "dos outros povos".

Quai Brainly (Paris, séc XXI)


Metropolitan Museum (Nova York, séc XX)


British Museum (Londres, séc XIX)

Nenhum comentário:

Postar um comentário